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Será que vale a pena usar o Cheque Especial?

Escrito por Pedro Da Silva

Em algumas situações nos vemos enrolados em dívidas e muitas vezes por falta de informação e consequentemente, planejamento. O Cheque Especial é um desses “vilões” que parece tão atraente por sua facilidade mas que exatamente por isso custa muito caro para quem o contrata. Mas vamos entender o que é de verdade essa modalidade de crédito:

O Cheque Especial é um contrato automático entre o banco e seus clientes para que eles tenham sempre disponível em suas contas correntes um valor determinado de dinheiro para usarem quando e como quiserem. De acordo com a renda de cada pessoa, o banco estipula e libera um limite de crédito. Caso seja utilizado, o valor a ser devolvido será acrescido de juros e encargos bancários.

Como saber o valor que tenho disponível?

Basta olhar o extrato bancário. Ele está sempre ao final como crédito disponível. Exemplo: vamos pensar que a Maria tem R$530,00 de saldo em sua conta. Em seu extrato bancário, geralmente as informações vão aparecer assim:

– Saldo da Conta Corrente: R$530,00

– Limite do Cheque Especial: R$1.000,00

– SALDO TOTAL: R$1.530,00

É preciso ter cuidado pois algumas vezes os bancos somam o saldo da conta corrente ao valor do crédito disponível, criando uma falsa ilusão aos clientes. Preste bem atenção no que de fato corresponde ao seu saldo e quanto desse valor corresponde ao cheque especial para não gastar além do que pode.

juros cheque especial

E quanto, de fato, custa o cheque especial?

Por ser tão fácil contratá-lo ele tem um custo alto de manutenção, perdendo apenas para o cartão de crédito como a modalidade de empréstimo com a maior taxa de juros. Segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças – Anefac, a taxa média de juros anual do Cheque Especial chegou a 210,44% ao ano, no final de maio. A taxa é a maior desde janeiro de 2003, quando chegou a 220,06%. Com taxas de juros tão astronômicas, é essencial que saibamos escolher bem os nossos produtos financeiros.

 

E como eu pago pelo cheque especial?

A data para pagamento vai depender de cada banco mas geralmente a cobrança dos juros e os encargos sobre o valor utilizado é feita no primeiro dia útil do mês e debitada diretamente na conta corrente. Se acontecer de o cliente não ter saldo no dia em que os juros forem cobrados, será acrescida ao débito uma multa de 2% sobre o total da dívida – esses 2% são fixos e definidos por lei, não podendo variar de banco para banco. O que variam são as taxas de juros cobradas por cada instituição, que devem ser pesquisadas e comparadas antes da contratação de qualquer serviço.

É importante saber, que assim como qualquer outro produto oferecido pelo banco, o Cheque Especial pode ser cancelado ou reduzido para um valor baixo, como por exemplo, R$100,00 apenas para raras eventualidades. Em caso de cancelamento, para sua segurança, peça ao gerente da conta um documento protocolado, isso irá te assegurar de futuras cobranças indevidas.

Fugindo do cheque especial

Se não houver mesmo como fugir de empréstimos bancários, busque aquele que tenha os menores juros para que você consiga, em um curto espaço de tempo, quitar a sua dívida. Que o Cheque Especial é a forma mais fácil, isso já descobrimos, porém, há outras soluções mais baratas, como o Empréstimo Pessoal. Enquanto a média dos juros do Cheque Especial está na casa dos 210,44%, ao ano, o Empréstimo Pessoal está em 61,22%, ou seja, mais de 300% mais caro.

emprestimo pessoal

Para ficar ainda mais claro, vamos pensar que a Ana precisa de R$1.000,00 emprestado do banco e irá pagar sua dívida somente ao final de um ano. Se ela usar o Cheque Especial, em que a média anual de juros é de 210,44%, após 12 meses a Ana terá contraído uma dívida de aproximadamente R$3.109,00, mais todos os encargos bancários, ou seja; mais de 3 vezes o valor que pegou emprestado. Enquanto se ela tivesse recorrido ao Empréstimo Pessoal, onde a média dos juros é de 61,22%, sua dívida seria bem menor, cerca de R$1.613,00, acrescido também dos encargos bancários.

O ideal mesmo é se planejar e somente comprar aquilo que cabe no orçamento, por melhor que seja a oferta ou promoção, afinal os juros de qualquer tipo de dívida não são amigos e aquela compra que parecia uma pechincha pode virar uma enorme dor de cabeça. Pesquise e compare antes de se comprometer financeiramente e conheça as taxas de juros cobradas pelo seu banco e cartões de crédito.